A verdade sobre o mundo dos negócios
Os negócios e a gestão são pródigos em frases feitas, e a época que atravessamos permitiu que vários gurus, mentores e coachs se tenham evidenciado e divulguem as suas fórmulas e métodos de trabalho revolucionários.
Infelizmente, é comum que sejam apresentadas verdades universais, que se tentam adaptar às diversas realidades empresariais sem olharem ao mundo de cada um e de cada organização. Qualquer abordagem a uma empresa e realidade desta, principalmente quando se pretende mudar e a partir daí procurar melhorias, carece de análises profundas e de um conhecimento sustentado de tudo o que envolve a organização.
As ferramentas são imensas e nenhuma delas funciona sozinha, desde análises PESTEL, a matriz SWOT, passando pelo CANVAS, e deixando por falar de uma infinidade delas, todas estas obrigam a um grande conhecimento da realidade, sob pena de se tornarem incompletas e daí não se retirar o necessário.
Quando me foi lançado o desafio de escrever um artigo que me permitisse partilhar algo do meio empresarial com outros, a minha preocupação foi o de encontrar algo que fosse possível de encaixar em várias realidades. Que fosse uma mensagem que, devidamente enquadrada, não se esgotasse no final da leitura do texto e que acompanhasse o dia a dia de qualquer um que se encontre no mundo do trabalho. Além deste desafio, o facto de me encontrar numa empresa familiar com mais de 50 anos podia-me cingir a uma partilha apenas centrada nos desafios de uma PME que se encontra num processo de modernização e resposta a uma crise que se arrasta desde 2010, quando foi a grande hecatombe da construção.
Mas é na questão de ser uma empresa familiar que está a maior e melhor partilha que posso ter com quem trabalha e gere empresas. Sou a 3ª geração de uma empresa que mantém a máxima do fundador (e meu avô) presente e a promove todos os dias: amigos, amigos, negócios incluídos.
Partilho-a feliz pois não é nenhum segredo, tanto que apregoamos esta frase tantas vezes quantas nos permitem! Partilho porque quando uma empresa tem já 55 anos, pode ter a veleidade de considerar que tem boas lições para partilhar. Partilho, pois, considero mesmo que é a única fórmula que se pode estender a todas as empresas e organizações, independentemente da dimensão.
A importância de relações nos negócios
Apesar de esta frase contrariar tudo aquilo que o povo defende, é, para mim, a única forma de estar nos negócios. Facilmente e rapidamente se explica: não fazemos negócios com os inimigos e, num meio tão competitivo, são as relações que se criam diariamente nos negócios, as afinidades que se formam nos problemas e sua resolução e os laços que se estreitam no serviço que proporcionamos, que permite às empresas continuarem a crescer e, em alturas de crise, manterem-se no mercado. É partindo desta premissa que conseguimos colocar no centro do nosso negócio o cliente – olhando-o e considerando-o como um amigo.
Com certeza que, para alguns tipos de perfil comportamental, esta abordagem possa parecer estranha ou até errada; mas quando todos os estudos indicam que o custo de manutenção dos clientes é muito inferior ao custo de aquisição de clientes novos (os números indicam 4 vezes menos), compreende-se que há sentido nesta postura. E quando a paixão e motivação são ingredientes obrigatórios para fazer um negócio prosperar, encarar o dia a dia com esta premissa ajuda a alcançar mais facilmente os objectivos propostos.
Conclusão
Não há frases feitas nem fórmulas universais para alcançar o sucesso. O trabalho e a competência serão sempre necessários e obrigatórios, mas podemos e devemos aprender com quem cá andou e levou empresas a bom porto; assim sendo, que olhem para os vossos parceiros de negócio desta forma:
Amigos, amigos, negócios incluídos.
José Martins
Diretor Geral na Matobra
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