As pessoas seguem pessoas e não logótipos. Por isso, acredito que o caminho para uma maior relação de confiança entre as instituições e os consumidores passa pela humanização das marcas.
Isto é válido para todas as disciplinas do marketing, mas vou focar-me nas áreas que conheço melhor – redes sociais, conteúdo e influencer marketing.
E como podem as marcas e organizações tornar a sua presença mais humana?
Dar visibilidade às pessoas que as gerem e/ou chamar criadores de conteúdo que possam ser a cara e a presença da marca.
A Buffer, por exemplo, faz bem isso. Toda a gente sabe que o Dave, o Daniel, a Jess e a Cheryl são os gestores de comunidades da Buffer. Eles assinam o seu nome e aparecem nos conteúdos, nomeadamente nos vídeos. Cada um deles é uma marca pessoal, e as suas competências profissionais, demonstradas nos meios em que estão presentes, dentro e fora da Buffer, credibilizam e dão força à marca.
No entanto, esta aposta na individualidade e no recurso a representantes que se tornam protagonistas choca com alguns egos que populam os Departamentos de Marketing e agências.
É, também, um novo paradigma, nativo nos mais jovens, que pode provocar nos trabalhadores mais experientes o velho medo de que lhes seja “roubado” o lugar. Não há espírito de unidade. Não se pensa que o sucesso de um é o sucesso da equipa. Que o sucesso da equipa, é o sucesso de todos. E, desta forma, dificilmente teremos marcas mais humanas.
Para além dessa barreira, há também a falta de valorização das redes sociais, que é a ferramenta mais natural para a materialização da ideia de tornar as marcas mais humanas.
Ser Gestor de Redes Sociais ou Gestor de Comunidades
A profissão de Gestor de Redes Sociais ou Gestor de Comunidades ainda é vista como uma posição “entry level”, desempenhada por pessoas com pouca experiência, acabadinhas de sair de um curso. Dá-se pouca credibilidade a estas funções.
“Qualquer um faz isso”, “eu tenho redes sociais, eu sei como se faz isso”, são alguns dos comentários que se podem ouvir em relação a quem trabalha em redes sociais, mesmo dentro das próprias empresas. Ainda não tem o prestígio romântico do mundo da publicidade, mas creio que é uma questão de tempo até que isso aconteça.
Há profissionais e criativos a fazerem um excelente trabalho neste mundo, como, por exemplo, o Rui Pedro Antunes, que foi o “o estagiário” no Twitter da Worten durante quase dois anos, até à sua saída no mês passado.
O Rui é um excelente copy e community manager. O “estagiário” foi uma estratégia pensada em equipa, mas a criatividade dos tweets era dele. E tinha outra grande valência, a gestão de comunidades. Sabia sempre o que dizer e qual a melhor altura para o fazer. E, sobretudo, sabia que o tipo de resposta deve variar consoante a rede social e o utilizador com quem se está a interagir. Tinha bom senso e jogo de cintura. É um Rockstar das Redes!
A visibilidade das pessoas que interagem, todos os dias, através dos perfis das marcas, é importante para a humanização das mesmas.
A tendência é que, cada vez mais, as marcas tenham uma presença nas redes sociais através de conteúdo / influenciadores. Porque são humanos. São reais. E as pessoas preferem seguir pessoas. É claro que existem exceções, como é o caso das “love brands”, mas esse é todo um outro fenómeno à parte.
Estas pessoas que dão a cara pela marca podem já estar ligadas a ela, como acontece no caso dos community managers. Por interagirem diariamente com os seguidores daquela marca, toda a gente quer saber quem está do outro lado.
Quando a decisão é utilizar influenciadores / criadores de conteúdo externos, devem ser muito bem selecionados. A escolha tem de fazer sentido para a comunidade e consumidores da marca. Não tem cabimento que se coloque alguém que faça conteúdo sobre animais a falar de arquitectura. A decisão deve fazer fit com a marca e com as pessoas para quem a marca quer comunicar.
Conclusão
As plataformas já perceberam que, para “prender” a audiência ao feed, precisam de quem faça bons conteúdos e que sejam adequados ao meio em que são divulgados. E estão a incentivar os criadores a ficar nas redes através da monetização dos seus conteúdos.
No entanto, algumas marcas ainda não perceberam que é este o caminho a seguir. Esta é a tendência. O comboio está a passar. A tua marca vai saltar para a carruagem ou vai ficar a vê-lo passar?
Vanessa Amaral
Social Media & Digital Content Consultant
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