Aceitei o amável convite do Henrique, fundador da empresa que promove este espaço por 2 motivos em especial. O primeiro foi porque o respeito enquanto profissional e amigo, sabendo que é dos poucos que tem um currículo de fazer acontecer. O segundo é porque me permite falar de algo que adoro e do qual sou militante: o Marketing.
Desde antes do dot-com crash que trabalho em marketing e, em especial, na sua vertente do digital. Sim, porque esse é o primeiro mito que quero destroçar. Não existe marketing digital. Existe Marketing.
O Marketing aplicado aos canais digitais tem sido, por norma, glorificado porque se visualiza como o fator que pode diferenciar os negócios no seu futuro mais imediato. Melhor dizendo, talvez seja o canal mais democrata para que “grandes” e “pequenos” possam ombrear de igual para igual em termos de capacidade de entrada. E os ditos “pequenos” poderão mais tarde até suplantar os “grandes” porque souberam tirar o melhor proveito destes canais em detrimento de alguma incapacidade de ação das estruturas mais “pesadas”. Estou a usar muitas aspas porque não quero ferir suscetibilidades, apesar de saber que será quase impossível.
Podemos dar exemplos concretos como o Dollar Shave Club que ombreou com a Gillette até ser adquirido por alguns milhões de dólares. Ou mesmo a Prozis que começou humilde e hoje em dia é um dos grandes players de suplementos alimentares de performance.
Marketing como o Elemento Diferenciador
Contudo, apesar destes exemplos que se destacaram nos canais digitais, o elemento diferenciador não foi o canal. Esse foi apenas o terreno mais disponível para entrar devido à inércia da concorrência. O que diferencia qualquer marca da outra é a forma como a percebemos. Como a marca “comunica” connosco.
Os produtos e serviços têm que ser igualmente dominadores e de excelente qualidade, mas o que nos faz optar de um produto para outro é a história que construímos à volta de determinada marca.
É por isso que me identifico mais com a Aston Martin do que com a Porsche. Que me identifico mais com a Apple que com a HP ou a Toshiba. E é por isso que sou mais fã do ActivoBank do que do Novo Banco. Se formos verdadeiramente a analisar, os produtos até têm níveis de qualidade iguais ou até mesmo superiores em alguns domínios. Contudo, o que nos faz optar mais por um ou por outro é a história que a marca foi construindo na nossa mente.
Quando, nesta altura de pandemias e dificuldades de subsistir enquanto marca e empresa, vemos um sem fim de iniciativas para entrar agora no digital como sendo a salvação, invoco o momento de reflexão. Antes de agirmos por desespero, vamos pensar no propósito. O que é que estamos a oferecer à nossa audiência? Em que é que nos diferenciamos dos milhares de outras marcas que já existem neste espaço?
Se me disseres que temos que fazer mais “barulho” que a concorrência, direi que estás simplesmente a queimar dinheiro. Existem budgets muito maiores que os teus. Então, o que nos diferencia é a nossa história. É a forma como contamos a história que “constrói” a nossa marca. Para que isso aconteça, temos que ser consistentes ao longo do tempo e não fluir ao sabor das tendências. Veja-se o excelente exemplo do grupo Nabeiro. Ao longo de gerações tem sabido manter a sua coerência e entrar na mística nacional com a marca Delta a fazer parte de nós, sem esquecer a inovação.
Pense-se o que se quiser da personagem Leopoldina do Continente, mas quando reavivaram essa personagem numa altura que as pessoas estavam a passar por dificuldades de várias índoles, voltar a ver a personagem que cresceu com a maioria de nós, teve um efeito emocional que apenas algumas marcas poderão almejar.
Marketing É o Elemento Diferenciador
Espero que este artigo surta o efeito de te fazer pensar no que é que a tua marca tem de diferenciador em termos de história, propósito, estratégia e valores que se diferenciam para o teu público-alvo. Porque este é o tema. O teu público-alvo. Se tentas comunicar para todos, não comunicas para ninguém em particular e diluis-te como um pedaço de gelo a derreter.
É por isso que ainda existem clientes para a Porsche, a HP, Novo Banco, posso não ser eu, mas serão outros milhares. Encontra o teu nicho e comunica com o mesmo de uma forma única.
Apenas recordo que ser diferente e único não está na escolha dos canais que utilizas, mas sim a forma como o fazes. Manter a coerência de marca e saber comunicar da forma mais acertada dependendo do momento em que o teu potencial consumidor se encontra. Relevância, coerência e propósito, volto a repetir.
Agora poderás te perguntar, mas como posso fazer isso? Infelizmente, não poderei em apenas um artigo passar todo o conhecimento de marketing necessário para tal. Cada caso será sempre um caso particular, ou seria apenas a prescrição de uma receita e para isso não existiriam profissionais de marketing. Marketing é uma ciência que apenas a experiência, conhecimento e criatividade poderão dar resposta apropriada aos teus objetivos.
Marketing, o parente pobre da estratégia de negócio
Mas isso leva-me ao real objetivo deste artigo. Depois de leres tudo isto, se compreendes finalmente que o marketing é o elemento crucial na tua empresa e que faz a diferença no mercado face à tua concorrência, porque continuas a tratar este tema de forma tão superficial? Porque continuas a colocar anúncios para profissionais do estilo canivete-suíço? Porque colocas anúncios para diretor de vendas, comerciais, assistentes comerciais e depois para o marketing consideras que uma única pessoa fará toda a diferença para a tua marca?
O problema reside a jusante, como se costuma dizer. O problema é a forma como vês o Marketing. Como algo que é bom ter, mas que não aporta valor que possas ver no balancete. Ledo engano. O Marketing é o maior facilitador de vendas que podes ter no teu arsenal. Se o teu Marketing for realmente bom, podes ter menos necessidade de ter tantos vendedores porque as vendas não serão tão esforçadas. Não terás que batalhar tanto para conseguir o mesmo número de vendas.
Conclusão
O Marketing bem feito, traduz-se em números no balancete da tua empresa. É tão ou mais importante que qualquer outro departamento da tua empresa.
Contudo, é difícil mudar mentalidades e acima de tudo, mudar estruturas. É por isso que o Henrique criou a WEbrand, para que a tua empresa possa usar os seus profissionais para complementar as necessidades da tua marca sem teres que contratar uma equipa vasta logo de início.
É por isso também que criei a sendXmail(s) para que as marcas possam usar o Email Marketing de forma efetiva sem terem que contratar um profissional experiente neste canal digital.
Se não tens a estrutura interna para dares espaço ao Marketing, cria o budget necessário e subcontrata a quem tem experiência nessa disciplina. Poderia dizer que podias confiar no que esses profissionais te aconselharem, mas como em muitas outras coisas na vida, existem bons e maus profissionais.
A única forma que podes utilizar como filtro é a reputação desses profissionais no mercado. É ver o que já fizeram anteriormente e pedir referências. Saber com quem se está a lidar.
Depois é monitorizar os resultados e apoiar-se nos números. Esses não mentem.
Espero que tenha servido para desmistificar conceitos e, pelo menos, feito pensar na estratégia atual e de que forma se podem enfrentar estes desafios de forma apoiada nas melhores soluções à disposição. Sim, passa pelo Marketing.
Rui Nunes
Fundador da sendXmail(s) e ZOPPLY – Business Manager da MindSEO
Board Member da APPM – Associação Portuguesa dos Profissionais de Marketing.
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