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O desenrolar de uma surprising invention

por | 16 Abril 2021 | Empreendedorismo

“If you do it right, a few years after a surprising invention, the new thing has become normal. People yawn. That yawn is the greatest compliment an inventor can receive.”

Li esta frase de Jeff Bezos num artigo do The Guardian, a propósito da sua saída como CEO da Amazon. Não sendo fã nem cliente, vi isto espelhado no meu negócio, nos seus vários tempos.

Em 2010 o Simplesmente Branco ficou online. É um site sobre casamentos, com um directório de fornecedores selecionado e um blog de inspiração, com publicação diária de conteúdos. No último dia de 2020, vendi-o (o site, a marca, tudo e tudo) ao seu concorrente directo, o tubarão de origem espanhola, Zankyou.

Nada disto é particularmente relevante – excepto as últimas palavras, talvez, mas se vos explicar o contexto, tudo ganha dimensão e importância.

Como se parte de uma surprising invention e se chega a um imenso bocejo?

E o que nos leva a criar uma surprising invention? Ou o que se faz quando o bocejo se instala?

Sou designer de formação e tive uma marca de convites de casamento. Gosto de coisas bonitas, era inevitável ficar-me por este mercado tão singular. O caminho do papel para o digital foi natural, a premissa era simples, a concretização levou o seu tempo.

O modelo de inspiração foi o clássico e impecável Style me Pretty, o site americano da Abby Larson, o farol do bom gosto e de tudo o que de casamentos se tratasse – sempre com imagens incríveis, um imaginário que nem se avistava por cá e uma elegância fatal!

Estávamos nos primeiros anos do novo milénio e o mundo digital para o utilizador comum era todo um outro assunto, sem redes sociais, sem Pinterest, sem smartphones, apps, wireless ou sites prontos a usar. Tudo o que hoje é ágil e simples, era complexo, inexistente ou apenas para especialistas. Também o mundo dos casamentos era muito diferente, parado no tempo, sem graça, a milhas da revolução digital.

Namorei o Style me Pretty (e aos seus primos americanos, eram tantos e todos tão bons) vários anos, explorando o conceito (blog de inspiração + directório de fornecedores, todos alinhados na mesma visão), suspirando e pensando, a cada visita, “e se…?”

Sem pressa, desígnio empenhado ou capacidade de investimento, pus-me em busca de parceiros de projecto com o know-how necessário (do qual não sabia absolutamente nada), que conseguisse cativar com esta ideia simples, e, depois de os encontrar, mais seis meses de treinos com o inocente e gracioso Happy Hour, no Blogspot, enquanto tudo se construía. Sempre no seu compasso.

Queria criar um Style me Pretty nacional, onde estivessem listados os fornecedores mais cool (que os havia), mostrar o trabalho bonito e refrescante que por cá se fazia (mas que ninguém via), e expandir os horizontes dos leitores com inspiração contemporânea, elegante e muito romântica, tudo aquilo que um belíssimo casamento representa e pede, e que eles mereciam!

Simplesmente Branco no online

A 16 de Maio de 2010, o Simplesmente Branco ficou online – a tal surprising invention, que espantou muitos, acolheu tantos e acertou passo com o que se passava no mundo que víamos lá fora, cheios de espanto.

No início desta década o mercado de casamento em Portugal encontrava-se parado numa fase longa e sem graça: os mais velhos estavam acomodados, sem desafios de maior, os mais novos não se interessavam pelo assunto. Os noivos estavam sozinhos. Faltava entusiasmo, frescura, inspiração, sobrava desencanto.

Profissionalmente, eu própria queria uma casa digital para mostrar o meu trabalho a potenciais clientes: uma casa à minha escala, alinhada com a minha visão. Uma casa para mim e para os meus pares. Uma casa para os meus noivos. Um sítio fresco, inspirado, gentil, generoso. Um sítio nosso, à nossa medida, como os que namorava, todos os dias, nos Estados Unidos.

Como não existia, construí-o. Acabou-se o “e se…?”.

De surprising invention a realidade

Sem grande expectativa ou plano, muita intuição, a visão clara daquilo que queria fazer e mostrar, um entusiasmo contagiante (pois se era meu…) e muito trabalho. Zero de planos de venda, estratégias de marketing, funis de não sei o quê.

Era outro tempo, também, e este mix de ingenuidade e simplicidade, alavancado por trabalho bem feito foram suficientes para chegarmos aos 30 mil visitantes únicos por dia, consistentemente. Nos dias de hoje, isto é impossível, ainda para mais com um tema tão de nicho como o casamento.

O Simplesmente Branco foi a faísca e a gasolina de uma nova geração de profissionais, de uma nova tribo de noivos, de um novo mercado de casamento.

De “foleiro”, passou a “giro”, de estagnado passou a vibrante e, hoje, é com orgulho que alguém diz “sou fotógrafo de casamentos” ou “sou wedding planner” e muitos querem fazer parte deste sector. Ligámos quem procurava, sem saber que existia, a quem oferecia, sem as mesmas certezas. Pusemos os parceiros à conversa uns com os outros e validámos dúvidas e sonhos dos noivos, reforçando ideias, garantindo com assertividade e um sorriso, que era o caminho certo.

Passámos dez anos neste diálogo. Dez anos de conteúdos diários sem interrupções: 6500 posts, 50 mil imagens, centenas de casamentos, 300 fornecedores, 5 revistas digitais, 990 páginas de editoriais, 11 showcases, 2 milhões de leitores, 5 milhões de pageviews, 940 histórias de amor.

Uma casa. Um ponto de vista.

E durante este tempo, mais duas revistas, duas conferências, mais outro site. Várias remodelações, vários logotipos, várias paletas de cores. E sempre o mesmo fio condutor: qualidade, exigência, fazer bem feito. Inspirar, apontar o caminho.

No mercado nacional, há um antes e um depois e isso é inegável – e saboroso, claro, muito saboroso. E é precisamente essa a razão – a sensação de trabalho feito – pela qual me despeço do Simplesmente Branco, tomando a decisão de fechar a porta no décimo aniversário.

Saio leve, sem qualquer nostalgia, com um sorriso pronto, fiz o que quis e como quis, sempre (o maior dos luxos), e deixo um legado claro de trabalho bem feito. 

Saio porque cheguei ao bocejo, essa normalidade que evolui da ideia genial, depois de abraçada por todos. Sendo uma imensa conquista e um elogio, é o suficiente para me empurrar para novas aventuras e desafios. É preciso voltar ao sonho, o destino interessa-me muito menos do que a viagem para lá chegar.

A venda do Simplesmente Branco à Zankyou, um player fortíssimo que reconhece o seu valor e o ampliará nos próximos anos é a conclusão perfeita deste percurso. É uma validação incrível da qualidade do objecto que criei.

O caminho para o sucesso é longo. Demora, tem muitos solavancos e recuos, exige sangue, suor, lágrimas e paciência. Muitos nãos, poucos sins. Ética, moral, espinha dorsal. Muita resiliência, algumas certezas e, sobretudo, uma visão.

“Sempre chegamos aonde nos esperam”, diz, certeiro, Saramago.

Respondo às questões que deixei no início:

Como se parte de uma surprising invention e se chega a um imenso bocejo?

Trabalhando com prazer e rigor, com exigência para connosco e para com os outros em doses iguais, com consistência, com empatia e sentido de humor, sem nos levarmos demasiado a sério, ouvindo e pensando.

E o que nos leva a criar uma surprising invention

Faltar-nos alguma coisa que não conseguimos adquirir, usufruir ou encontrar. 

Pomo-nos ao caminho, inocentes, sem medos e sem expectativas. “E se…?”

Ou o que se faz quando o bocejo se instala?

Olha-se para trás, celebra-se o caminho e concluímos que chegámos ao destino. Começamos uma nova viagem, não?

Conclusão

A WEbrand fez parte do quotidiano do Simplesmente Branco nos últimos três anos. Conheceu as dores, as idiossincrasias, as peculiaridades, o entusiasmo e o bocejo. Foi determinante em pontos críticos e indispensável para chegarmos a sítios.

O Henrique foi a segunda pessoa com quem partilhei a notícia da venda. Festejámos os dois!

Susana Esteves Pinto
Consultora, criadora de conteúdos e diretora de arte para o mercado de casamento em Portugal

Autor(a): Autor Convidado

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